sábado, 17 de março de 2018

A morte de Marielle

Os atos e manifestações observados nos últimos dias, em nosso país, em torno da morte da vereadora carioca Marielle Franco mostram muito da natureza do povo brasileiro, dos seus anseios e do rumo que vem escolhendo para as suas vidas e para o seu país.

Como se elege um vereador no Rio de Janeiro

Os morros cariocas querem reivindicar para si o status de Estado Paralelo. Até os pregadores de Igrejas tem que pedir permissão para subir no morro, um fato nefasto. Não é de se admirar que os moradores declarem se sentirem protegidos nestes territórios. Mas não são apenas os pregadores que deve pedir licença. Os políticos ou aspirantes a tal tem que pedir benção dos "sherifes" da era moderna. De acordo com a linha deste político, ele pode ser recusado. Se não tiver uma plataforma que atenda aos interesses dos chefões do tráfico, ele vai esperar para sempre antes do primeiro degrau da escadaria que leva ao morro.

Mas existe uma forma mais fácil de se escolher o candidato. Ele pode vir do seio da comunidade. É sabido que o ser humano é um animal de características territoriais. Nascer sob a égide das regras, regulamentos e temores da favela, vivendo profundamente seus problemas, e aprendendo desde tenra idade à submissão às armas dos traficantes e milicianos, é bem mais conveniente para aquele que aspira a um cargo público, desde municipal até federal.

Tal é o caso de Marielle.

E qual é a notória facção que domina os morros cariocas ? O comando vermelho, ou CV, conforme pichado de cima a baixo nas paredes dos morros que abrigam seus adeptos. Os milicianos preferem mais os políticos prontos.

O leitor não se engane, pois não existe candidato oriundo do seio de uma comunidade que consiga se abster 100% das influências sociais que o cercam desde o nascimento. Seria como ter um americano que não anda com uma bandeira de seu país na roupa, na camisa, na sua agenda ou no papel de parede de seu celular.

O conluio fica claro quando verificamos que nenhum candidato dos morros vai contra a cobrança abusiva do gás de cozinha, ou do pedágio de vans e mototaxis, além da instalação de "gatos" de Internet, Energia Elétrica e Água. Não vimos isto nas lutas de Marielle. Seria preciso muita coragem.

Os acordos

E bastaria apenas a influência indelével do nascer e crescer em uma comunidade, para se ter os requisitos exigidos pelos chefões do morro ? De jeito nenhum. O acordo é tácito. O candidato terá uma plataforma que defenda os direitos da comunidade, os direitos das mulheres (porque atende aos ditames do politicamente correto), os direitos humanos e, via de regra, demonstre certa aversão às atividades policiais. Isto é tão límpido e claro quanto a água mais pura da nascente de um rio mineiro.

Caso o candidato, já eleito, se desvie desta orientação, ou comece a seguir caminho próprio, se aliando a outros políticos, sem a exata plataforma combinada, a reação será imediata, e o único caminho previsível será a morte.

O único detalhe que não é escrito na plataforma é o que reza que este político da comunidade deverá propor sempre medidas e se manifestar contra leis e decretos QUE ATRAPALHEM A ATIVIDADE COMERCIAL PRECÍPUA DOS TRAFICANTES, ou seja, o comércio e distribuição das drogas, ou o abastecimento de armas e munições das quadrilhas. Isto não pode ser escrito, mas está indelevelmente registrado nas entrelinhas do acordo entre traficantes e aspirantes a cargos políticos da comunidade.

Uma coisa fique bem clara. Quem elege os candidatos que pedem voto no morro, ou que lá tenha nascido, É ELEITO COM FINANCIAMENTO DO DINHEIRO DO TRÁFICO, e ponto final. Fato estranho é o de Marielle estar, ultimamente, defendendo os interesses do Morro de Acari, reduto de outra facção do tráfico carioca: o Terceiro Comando da Capital.

E que o eleitor não se engane. O tráfico não pode se dar ao luxo de tornar óbvia a destinação de seu dinheiro. Eles apoiam um político maior, a quem o seu candidato menor esteja ligado, pois não são trouxas, senão a ligação fica muito na cara. O apoiado, político maior, no caso, foi Marcelo Freixo, deputado estadual pelo Rio de Janeiro, candidato a prefeito em 2016 também no Rio, do PSOL. No entanto, não foi eleito. Marielle estava diretamente ligada a ele, responsável pelo seu gabinete de direitos humanos. Pode conferir o levantamento feito pelo site "O Antagonista" para verificar que a maior parte dos votos da vereadora veio de bairros nobres do Rio, onde existem redutos de entusiastas do PSOL.

O governo brasileiro precisa tomar providências urgentes, pois nosso sistema eleitoral está sendo utilizado pelos traficantes para eleger aqueles que defendem os seus interesses.

A munição utilizada

Ora, que novidade, os cartuchos utilizados no atentado fatal a esta vereadora provinham de um lote desviado de seu destino legal, ou seja, as armas da Polícia Federal, notadamente as pistolas 9 mm, arma preferida para execução pelos criminosos cariocas e paulistas.

O poder de impacto da 9mm é superior ao do 38, praticamente pouco menos que o dobro. De 5 a 30 m ela tem o comportamento de penetrar e mesmo de transfixar o alvo humano. A uma distância maior ela derruba o adversário como se este levasse um soco de pugilista robusto. Já o 38 derruba a vítima a pequena distância, mas não tem grande efeito a longa distância.

Para o caso de um atentado, sendo a curta distância, a munição teria que ser modificada, fazendo sua ponta ficar oca. Como a bala de 9mm possui uma "ogiva" de cobre, fazer tal acabamento seria oneroso, desta forma é preciso fazer vários disparos para se obter a morte segura, Uns três ou quatro disparos seria o mínimo seguro.

Acrescentemos à categoria certa de atentado criminoso, por quadrilhas, o fato desta munição ter sido utilizada em outras chacinas. As armas também são modificadas para comportar um pente longo e disparar rajadas.

A hipótese do Efeito Esperado

No entanto, o aspecto principal de uma ação é o seu Efeito Esperado. Já passamos da fase do amadorismo do tráfico. Ele está agora fortemente ligado ao universo político. É preciso perpetrar uma ação, ocultando o seu real propósito, e contando que a opinião pública vai achar que o motivo da ação foi bem outro, e bem óbvio, de acordo com o senso comum.

Entre os itens da pauta da plataforma desejada de um candidato proveniente das comunidades dos morros cariocas, vimos que o ataque ideológico à polícia é um dos itens presentes e desejáveis. Se a vereadora criticava a atividade policial, nada mais óbvio, para a opinião pública, de juízos impensados e apressados, que o fato do atentado ter sido planejado e executado por policiais. E todo mundo acreditou nisto. Este era o Efeito Esperado.

Acrescente-se o fato de que toda e qualquer iniciativa que prejudique a atividade de venda e distribuição de drogas pelas quadrilhas de traficantes deve ser repelida pelo candidato oriundo das comunidades, ou que seja simpático às quadrilhas. Nada mais conveniente do que uma pessoa que ataque a Intervenção Militar no Rio de Janeiro seja morta.

Nossa vítima Marielle se encaixava em ambas as condições.

Conclusão

Portanto, em vista da hipótese do Efeito Esperado, por análise lógica e óbvia, para fazer a população acreditar em outra coisa (uma ação policial), e em vista da comoção nacional provocada, e dos gritos e esperneantes do PSOL, acrescidos de protestos em torno de feminicídio bárbaro, deduzimos que o próprio tráfico, em particular o Comando Vermelho, se encaixa com exatidão como autor do atentado.

Que fique aqui registrado, e seja comparado ao resultado obtido, no futuro pela Polícia, seja civil ou federal.